A exotropia intermitente é um tipo de estrabismo um pouco diferente, já que ocorre algo incomum: o paciente alterna períodos em que os olhos estão alinhados com outros em que acontece um desvio de um dos olhos “para fora” (exotropia). É frequente que um dos olhos desvie com mais frequência do que o outro, mas os casos são em sua grande maioria bilaterais.
Uma característica comum entre os pacientes é o hábito de fechar um dos olhos em situações de alta luminosidade (como no sol, por exemplo). Além disso, é frequente que o desvio apareça em momentos de maior cansaço.
A exotropia intermitente costuma corresponder a metade dos casos de exotropias (ou seja, desvios para fora). O aparecimento do desvio costuma iniciar nos 2 ou 3 primeiros anos de vida. Existe alguma divergência nos estudos, mas ela parece ser um pouco mais frequente em meninas.
A avaliação dos pacientes envolve dois aspectos principais:
- Medidas da acuidade visual e da estereopsia (visão em 3D), principalmente para identificar precocemente casos de ambliopia;
- Grau de controle que o paciente tem do desvio: para isso, são usadas diferentes medidas na visão de longe e de perto e conseguimos uma classificação que auxilia muito no planejamento terapêutico. Na avaliação do controle do desvio, a opinião e relato dos pais e responsáveis é muito importante e existem inclusive questionários para que os mesmos preencham e auxiliem no acompanhamento.
Existe grande variação com relação à porcentagem de pacientes que evoluem para um desvio fixo (ou seja, o estrabismo que era intermitente se torna sempre presente), com resultados na literatura desde 30 até 80% dos casos.
Tratamento
Existem possibilidades de tratamento não cirúrgico e cirúrgico. As alternativas à cirurgia são o uso de óculos ou oclusão (tampão).
O uso de óculos costuma ser empregado com o objetivo de estimular a convergência acomodativa (é prescrito um óculos que faz com que o paciente precise fazer uma “força para enxergar”, que é acompanhada de uma tendência dos olhos ficarem mais centralizados) e, com isso, aumentar o controle do desvio. Essa forma de tratamento costuma funcionar melhor em pacientes míopes ou com baixa hipermetropia.
O uso de tampão também pode ser tentado como uma alternativa não cirúrgica. Geralmente são prescritas algumas horas de uso diário. A orientação pode ser de realizar a oclusão sempre no mesmo olho ou de forma alternada nos dois, conforme cada caso.
Quando pensamos no manejo cirúrgico, a cirurgia pode ser realizada em apenas um dos olhos ou, mais frequentemente, nos dois. A idade ideal para a cirurgia ainda é momento de debate. Alguns especialistas indicam a cirurgia precocemente, ou seja, pouco depois do diagnóstico, enquanto outros costumam postergar a cirurgia até por volta dos 4 a 6 anos, principalmente nos casos em que se consegue um bom controle com as alternativas não cirúrgicas.
Quer saber mais sobre oftalmologia? Acesse nossa página do Facebook ou Instagram.